top of page

ANÁLISE: "Black Rio! Black Power!" exalta a memória do movimento pelos compassos do audiovisual

  • Foto do escritor: Alex Santos
    Alex Santos
  • 28 de set. de 2024
  • 2 min de leitura

Uma carreta encosta em frente a quadra do Rocha Miranda, no Rio de Janeiro, e a equipe começa a descarregar as caixas de som no interior do espaço, organizando-as como se fosse um paredão. Trabalho árduo, em um dia de muito calor, mas não apenas o do Sol. Ali, o clima quente é (também) de emoção em reunir os amigos para compartilhar ideias, música, danças, "curtição" e muito amor.


Assim começa o documentário "Black Rio! Black Power! (2023)" do diretor Emílio Domingos. E com a mesma expectativa do baile, o filme resgata a importância do movimento black que se estruturou a partir desses encontros, na década de 70, ao conscientizar seus frequentadores da força política e intelectual que tinham em mãos.



O desenrolar da narrativa conta com a participação de Don Filó, que também é produtor do documentário. Ele é um dos personagens cruciais da história e isso se deve a sua realização com a Soul Grand Prix - a maior festa da época - que, inclusive, foi a responsável por projetar a música soul em território nacional, além de dar origem à Banda Black Rio.


Correlacionado com o livro "1976 Movimento Black Rio" (2016), dos autores Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Octávio Sebadelhe, a máxima da abordagem está sob a ótica dos antagonismos ideológicos surgidos com o período ditatorial brasileiro. O próprio Don Filó afirma, em sua fala no documentário, que a massa de intelectuais da grande mídia, na época, foi responsável por atrelar os bailes às manifestações em prol do imperialismo norte americano.



As participações de Carlos Dafé, Virgilane Dutra (em memória), Rômulo Costa e Carlos Alberto Medeiros revelam uma ascensão social pouco observada da população preta que, graças aos bailes, projetaram o contrafluxo do mercado. Ou seja, além de ocupar os espaços da elite, semearam uma geração de empreendedores, artistas e intelectuais cada vez mais reconhecidos nos dias de hoje. 


Quem frequenta, ou já frequentou festas comunitárias sabe da resistência que há nestes eventos para a tradição se fixar. No entanto, a obra somatiza no processo memorial que está favorecida pelo recente contexto da produção artística brasileira. Além do livro mencionado acima, os documentários "Chic Show (2023)" também de Emílio Domingos e "Gerson King Combo - O Filme (2023)" de David Obadia e Mauricio Eiras colaboram para a afirmação do movimento e sua relevância para os dias atuais.


Em cartaz nos cinemas.

 
 
 

Comments


Post: Blog2 Post

©2020 - O Rastro do Som

bottom of page